Alimentar um bebê ou uma criança pequena é mais do que nutrir o corpo, é estabelecer uma relação afetiva de respeito e cumplicidade…
O momento da alimentação vai além do simples fato de ingerir alimentos, passa pelo afeto, pelo carinho, pelo respeito e pela harmonia entre educadores e crianças. A Abordagem de Emmi Pikler (1902-1984), pediatra húngara, mostra que o ideal é que os bebês sejam alimentados pela mesma educadora e na mesma ordem todos os dias.
“Para que haja vínculos afetivos dentro de escolas, é necessário que a rotina da criança, que envolve as atividades de cuidados, faça parte do currículo e que seja dado o devido tempo para que as atividades se desenvolvam com respeito”. (Albuquerque e Oliveira, 2018)
Acreditamos, no Aurora Espaço Bebês, que são estes momentos que dão sustento para as crianças em sua segurança afetiva, gerando vínculos saudáveis, respeitando o tempo de cada uma, para que, em suas brincadeiras, elas fiquem seguras e livres, atingindo um desenvolvimento pleno, íntegro e harmônico.
Os bebês são alimentados em posições que condizem com o desenvolvimento motor. Os menores, que ficam deitados de barriga para cima quando estão no chão, permanecem nesta posição também durante as refeições, seja mamadeira, fruta ou papinha salgada. Todas as louças utilizadas são de vidro desde o berçário.
Quando o bebê adquire a posição sentada seguindo o princípio de motricidade livre e faz isso rotineiramente, a educadora começa a oferecer os alimentos com ele ainda em seu colo, mas sentado com a coluna apoiada em seu braço.
Aos poucos, a criança é afastada do apoio da educadora no que diz respeito à coluna e, então, começa uma nova fase da alimentação, quando ela consegue se movimentar mais e ganha uma colher ou garfo para iniciar tentativas de comer sozinha e o copo (de vidro) para tomar água com autonomia.
Existem alguns pré-requisitos para que a criança passe do colo para a carteira de alimentação, próxima fase do desenvolvimento alimentar, (Vincze, 1993). São eles:
1- ser capaz de se manter sentada de forma estável, sem necessidade de apoio para as costas;
2- conseguir tomar líquidos sozinha, sentada no colo da educadora, pegando o copo com ambas as mãos e inclinando-o corretamente;
3- entender o que os adultos esperam quando falamos com ela;
4- querer passar por esta experiência.
Quando uma criança que está se alimentando no colo dá conta dos três primeiros pontos, entendemos como um sinal de que ela está pronta para avançar.
Com a educadora à frente propondo pequenos diálogos, as duas crianças conseguem interagir não somente com o adulto, mas também uma com a outra. Para chegar nesta forma de alimentação, é preciso que ambos os bebês comam com autonomia, de maneira “automática”, sem precisar de lembretes. Assim, eles podem focar um no outro, e não mais na comida ou no ritmo de suas garfadas.
Por volta dos dois anos (quando começam a se alimentar em grupos), percebemos que as crianças dão conta do ambiente social de uma forma mais organizada do que antes e, por isso, conseguem lidar e dividir o ambiente com outras crianças que possuem vontades diferentes das suas.
Servir-se no buffet é a grande novidade para as crianças do Módulo Aurora. Elas arrumam a mesa com suas toalhinhas (confeccionadas por elas), pratos, talheres, servem-se e caminham até seus lugares segurando o prato com bastante equilíbrio e atenção para que nada caia.
Iniciam em duplas, depois trios, até chegar em quartetos, que é o máximo de crianças nesta fase. A mesa é um semicírculo, no qual a professora se coloca sentada em um banquinho à frente das crianças, disponível para ajudá-las e para conversar sobre os alimentos e as quantidades que cada uma pegou, estreitando, desta forma, os vínculos afetivos já formados. Incentivamos as crianças a experimentar os diversos itens do menu, falando sobre a importância dos alimentos formarem uma paleta de cores em nossos pratos.
